Thursday, March 3, 2011

Estudos e projectos de m-learning em Portugal


Apesar do mobile learning ser ainda um campo relativamente novo, existem em Portugal alguns projectos ligados às tecnologias móveis e experiências de utilização de dispositivos móveis em contexto educativo. Mas, são ainda poucos os estudos disponíveis em repositórios digitais do ensino superior a divulgar investigação realizada na área.
Começa já a haver alguns projectos que pretendem tornar o telemóvel uma ferramenta ao serviço da educação, como é o caso do jogo Quizionário . Trata-se de um projecto nascido na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). É um jogo que pode ser jogado em telemóveis, computadores e quadros interactivos. O jogo é alimentado com conteúdos colocados pelos professores, dentro do espírito da Web 2.0. O Quizionário está a ser testado em quatro escolas do Norte do país com o patrocínio da TMN que cedeu os telemóveis.
O Centro de Competência em TIC da Escola Superior de Educação de Santarém criou um Software educativo para o ensino básico, para prática da língua portuguesa e inglesa. Os alunos podem jogar online ou descarregar a aplicação para o telemóvel.
Domus Mobile é uma plataforma de suporte ao mobile learning (Alves et al., 2005) desenvolvida na Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança e no Departamento de Sistemas de Informação, da Universidade do Minho. A Intranet Domus integra tecnologias de e-learning e e-management e uma componente de dispositivos móveis.
O projecto SchoolSenses@Internet, coordenado pela Universidade de Coimbra, parte da ideia da criação de informação multissensorial e georreferenciada, enquanto factor de promoção da qualidade nas práticas do 1º ciclo do ensino básico (Gomes et al., 2007), através da utilização do computador, de telemóveis e a aplicação Google Earth.
A TecMinho é parceira no projecto "m-learning - The role of mobile learning in European Education” (Dias et al., 2008), surgido no âmbito do Programa Sócrates e coordenado pela Ericsson.
São já algumas as dissertações de Mestrado que de algum modo se relacionam com o uso de tecnologias móveis. Uma dissertação realizada na Universidade de Évora apresenta um estudo para implementação de Serviços de Referência para PDAs nas Bibliotecas de Saúde em Portugal, dando destaque às potencialidades destes dispositivos móveis na área da saúde (Saraiva, 2007).
Outra dissertação de Mestrado em Estudos da Criança, realizada na Universidade do Minho, em 2008, apresenta um estudo quantitativo que compara a utilização do telemóvel e do Messenger por crianças do 5º e 6º ano de duas escolas do distrito de Braga (Castro, 2008). Visa aferir se as crianças do 5º e 6º ano são dependentes destes meios de comunicação e verificar se as características sociodemográficas exercem influência na utilização destas tecnologias. Os resultados mostram que as crianças desenvolveram uma relação íntima e natural com o telemóvel e o Messenger que os conecta à família, à escola e aos amigos. Usam estas duas tecnologias para manter e alargar os laços de afectividade e de amizade. Todavia, segundo a autora, é fundamental o papel dos pais e dos adultos para acompanhar e compreender as preferências da criança na construção da sua própria cultura.
Um trabalho de investigação de Mestrado, realizado, na Universidade Portucalense, reporta o uso do podcast como ferramenta para m-learning, como complemento, às aprendizagens em regime presencial, no desenvolvimento e aquisição de competências em alunos do 3º ciclo do ensino básico, na disciplina de Inglês (Menezes, 2009). Os resultados obtidos mostram as reacções positivas dos alunos face à integração do podcast e dispositivos móveis dos alunos (telemóvel, leitor de MP3) no processo de ensino e aprendizagem.
Um estudo de caso realizado no âmbito de uma dissertação de Mestrado, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com o título “Jovens, telemóveis e escola”, apresenta propostas de utilização educativa do telemóvel com alunos do ensino básico (Ferreira, 2009). Os resultados obtidos apontam para a possibilidade de utilizar em contexto escolar, sem custos para os alunos, várias funcionalidades e serviços presentes nos telemóveis, como mensagens SMS, câmara fotográfica, leitor MP3, partilha de ficheiros por Bluetooth, relógio, gravador de vídeo, gravador de som, calendário, calculadora e notas (Ferreira & Tomé, 2010).
De referir também uma dissertação de Mestrado, da Universidade Nova de Lisboa, intitulada “Para a compreensão do Mobile Learning: Reflexão sobre a utilidade das tecnologias móveis na aprendizagem informal e para a construção de ambientes pessoais de aprendizagem” (Valentim, 2009). O autor faz uma pesquisa sobre o conceito “mobile learning”, o seu conteúdo, métodos e limites enquanto área de estudo. Contextualiza o assunto no âmbito das ciências sociais e humanas e na literatura sobre a sociedade em rede e a Web. Procura respostas que acrescentem algum entendimento sobre o que é o mobile learning. Pauta-se por um exame crítico das possibilidades de aplicação deste conceito, categorizando e sistematizando modelos e propostas que ajudem no desenho de materiais pedagógicos a adaptar.
O projecto Geração Móvel, que temos vindo a desenvolver há algum tempo, no âmbito desta investigação, tem permitido realizar várias experiências de integração de diferentes equipamentos móveis em contexto curricular. Uma experiência realizada com podcasts para complemento das aulas de literatura portuguesa mostrou o potencial desta ferramenta na motivação e aprendizagem dos alunos (Moura & Carvalho, 2006). Outra experiência realizada com o telemóvel e o Mobile Flickr serviu para desenvolvimento de actividades na aula de Português e promover o trabalho colaborativo ((Moura & Carvalho, 2008b). Os resultados mostram grande satisfação dos alunos que viram nestas tecnologias novas oportunidades de aceder à informação independentemente do local e da hora, bem como a oportunidade de aprender colaborativamente. Noutra experiência, o telemóvel foi usado como ferramenta de mediação num peddy-paper literário (Moura & Carvalho, 2009). Pretendia-se integrar os telemóveis dos alunos como ferramenta de aprendizagem individual e colaborativa, através de um conjunto de desafios. As actividades desenvolvidas constituíram-se como momentos inovadores e únicos, na opinião dos alunos. O uso dos dispositivos móveis permitiu consolidar competências, assimilar aprendizagens curriculares e trabalhar em grupo.
O interesse pelo desenvolvimento de aplicações para m-learning é uma realidade em Portugal. Na Universidade de Aveiro, no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial foi desenvolvido o protótipo mlSynapse, um sistema constituído por dois módulos, o MyWorkspace e o FormManager. Este sistema foi optimizado para dispositivos móveis, especialmente PDAs, e aplicado em contexto de sala de aula no ensino superior (Rodrigues, 2007).
Bottentuit Junior e Coutinho (2008) realizaram um inquérito exploratório sobre o uso pessoal e profissional de tecnologias móveis na comunidade académica portuguesa. Os resultados mostram que as tecnologias móveis ainda não fazem parte da maioria da práticas educativas nas diversas instituições de ensino superior do país.

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